Publicado por Tailane Paulino

A beldroega (Portulaca oleracea) é uma planta rasteira que cresce em jardins de maneira selvagem mas que é classificada como PANC (Planta Alimentícia Não-Convencional), ou seja, é uma hortaliça nutritiva e que traz benefícios à saúde.

Essa planta é rica em diversos nutrientes e em ômega 3, o que faz dela um alimento ótimo para o coração. Conheça mais sobre seus benefícios e dicas de como consumi-la.

Para que serve a beldroega

Planta beldroega na mesa

As folhas da beldroega são ricas em ômega-3 e por isso evitam problemas no coração (Foto: Freepik)

É uma fonte natural de ômega 3

O ômega 3 é um tipo de gordura essencial para o metabolismo e aparece de forma abundante na beldroega, com maior concentração do que em vegetais como o espinafre e a beterraba.

Ela é considerada a planta mais rica nesse tipo de gordura, representando quase 60% do total de ácidos graxos encontrados nas folhas. (1,2)

Por esse motivo, melhora a circulação e o metabolismo, fortalece o sistema imune e protege contra inflamações, além de prevenir e doenças neurodegenerativas.

É nutritiva

A beldroega é rica em vários nutrientes, suas folhas possuem proteínas, carboidratos, fibras alimentares, vitamina A e algumas do complexo B. (3)

Cada porção de 100 gramas apresenta: Cobre (3 mg), zinco (34 mg), ferro (42 mg), magnésio (1037 mg), manganês (24 mg), potássio (9100 mg), cálcio (1361 mg) e fósforo (333 mg). (1)

Cada porção dela ainda possui, em média, 40 mg de vitamina C, metade do valor recomendado para um homem adulto. (4)

Reduz os riscos de problemas no coração

A beldroega ajuda a reduzir os riscos de desenvolver vários problemas cardiovasculares, como infarto, aterosclerose (veias entupidas por gordura) e até trombose.

Ela possui a capacidade de reduzir a pressão arterial, principalmente pela grande quantidade de potássio, nutriente que melhora a circulação sanguínea.

Ela também tem o potencial de reduzir o colesterol, por impedir que as placas de gordura se juntem, e a glicose. Ajudando a manter as taxas em níveis normais, o que diminui os fatores de risco para doenças no coração.(5)

O ômega 3 das folhas evita a formação de coágulos e a agregação das plaquetas, fatores que contribuem para problemas circulatórios como a trombose.

Protege a saúde dos olhos

A alta quantidade de vitamina A, presente na beldroega, é aliada da saúde dos olhos.

Essa vitamina ajuda na criação das células da retina e córnea, além de formar corantes sensíveis a luz que ajudam a proteger os olhos e melhorar a visão em ambientes com baixa luminosidade.

Por esses motivos, a deficiência dela está associada a cegueira noturna e xeroftalmia (doença do olho seco), que podem causar a perda permanente da visão quando não tratadas corretamente.

É importante consumir, em média, 900 microgramas do nutriente diariamente, para homens adultos, e 500 microgramas para crianças. (6)

Previne as úlceras estomacais

A beldroega atua na prevenção das úlceras gástricas, que são feridas que surgem no estômago e são causadas pelo consumo de alguns medicamentos ou bactérias.

Ela reduz a acidez estomacal, deixando o local menos propício para a proliferação de micro-organismos ao mesmo tempo que impede que essas bactérias se fixem nas mucosas.

Essa redução da acidez também ajuda a aliviar às dores e estimula a cura dos ferimentos, já que o ácido estomacal atrasa a cicatrização das úlceras.(7)

A planta ainda aumenta a produção do muco estomacal, um líquido elástico que cobre a parede do órgão, que além de prevenir, reduz o tamanho de úlceras causadas por bactérias, aspirina, estresse e até mesmo as de caráter crônico (recorrentes e sem cura). (7)

Estimula a cicatrização de feridas

O sumo das folhas frescas da beldroega moídas pode ser usado para melhorar a cicatrização de feridas. Aplicá-lo no local lesionado duas vezes por dia, estimula a resistência da pele e acelera a criação de novo tecido celular. (5)

Trata a asma

O chá ou suco feitos com as folhas da beldroega agem como um broncodilatador natural, aliviando os sintomas da asma e outros problemas respiratórios.

Os fitoquímicos da planta ajudam a dilatar as vias áreas, agindo de maneira semelhante a teofilina, um tradicional remédio anti-asmático.

A erva alarga a passagem que leva ar para os pulmões, promovendo uma melhora na respiração durante crises de asma, alergias ou problemas como gripe e bronquite.

Esse efeito broncodilatador também serve para estimular a excreção de muco (catarro) que entope e irrita os caminhos de passagem do ar e causam tosse e falta de ar. (5)

Auxilia na prevenção de várias doenças

Graças a presença de compostos antioxidantes, adicionar a beldroega na alimentação também ajuda na prevenção de vários tipos de doenças, principalmente as do tipo crônico.

Ela tem a capacidade de proteger as células do corpo contra a oxidação (degradação) e com isso consegue prevenir lesões que deixam o organismo mais suscetível a várias doenças, como câncer e diabetes. (8)

Fortalece os ossos

Por possuir cálcio na sua composição, a beldroega auxilia no fortalecimento dos ossos. O consumo desse mineral, que é encontrado nos ossos e dentes, durante a infância estimula o crescimento e fortalece a estrutura óssea. (9)

Já em adultos e idosos o consumo do nutriente ajuda a repor o cálcio que é perdido ao longo da vida, reduzindo os riscos de fraturas e de desenvolver osteoporose, doença que deixa os ossos fracos. (10)

Como consumir a beldroega?

Flores da planta beldroega

A beldroega, além de ornamental, pode ser consumida na forma de chás, saladas e sucos (Foto: Freepik)

Chá de beldroega

Para preparar o chá, leve 2 colheres (de sopa) de beldroega junto com uma xícara de água ao fogo e deixe ferver por 10 minutos.

Depois disso, desligue o fogo e tampe a panela, deixando o chá abafado por mais 10 minutos. Feito isso basta coar e beber até três xícaras por dia.

Salada de beldroega com queijo e iogurte

Ingredientes 

  • 500g folhas beldroega
  • 1 pé de alface pequeno
  • 80g queijo branco
  • 1 pote de iogurte natural
  • 2 colheres (de sopa) de azeite
  • 1 dente de alho
  • ½ manga picada em cubinhos
  • Sementes de girassol torradas
  • Sal e pimenta a gosto.

Modo de preparo

O primeiro passo é higienizar bem e escorrer o excesso de água das folhas. Em seguida, amasse o alho e rale o queijo, misture com o iogurte, o azeite e com pitadas de sal e pimenta para temperar.

Feito isso, basta despejar o molho sobre a beldroega e o alface e acrescente por fim a manga e as sementes de girassol.

Refogado de beldroega

Ingredientes 

  • 500 gramas de beldroega
  • 3 tomates médios
  • 2 cebolas pequenas
  • Azeite a gosto
  • Sal e pimenta para temperar.

Modo de preparo

Retire os talos maiores, higienize bem as folhas da beldroega e reserve. Corte as cebolas e os tomates em cubos pequenos e leve para refogar em fogo médio por cerca de 15 minutos.

Em seguida, deixe esfriar um pouco e está pronta para ser servida acompanhada de carnes ou outros vegetais.

Bolo de beldroega

Ingredientes 

  • ½ maço de beldroega
  • 2 ovos
  • ¾ xícara de açúcar
  • ⅓ xícara de óleo
  • 1 ⅓ de xícara de farinha de trigo
  • 1 colher (de chá) rasa de fermento
  • Manteiga e farinha para untar a forma.

Modo de preparo

Coloque as folhas da beldroega no liquidificador junto com as gemas e o óleo e bata até conseguir uma mistura lisa. Em seguida, leve o creme até uma tigela e acrescente o açúcar, mexendo bem em seguida.

O próximo passo é adicionar a farinha de trigo, peneirando aos poucos e o fermento. Por fim, bata as claras em neve e incorpore com movimentos delicados à massa.

Leve ao forno preaquecido em temperatura média, em forma untada, por cerca de 1 hora.

Existe alguma contraindicação?

A beldroega é considerada uma erva segura para consumo e não tem quaisquer restrições quanto à quantidade ou idade para começar a utilizar. Inclusive, crianças podem comer as folhas e flores em saladas ou em preparações cozidas.

No entanto ela deve ser evitada por grávidas e por mulheres que desejam engravidar, visto que é rica em alguns compostos que impedem que os embriões se fixem no útero e pode causar abortos, principalmente no primeiro trimestre, ou dificuldades para engravidar.

Como cultivar a erva em casa

A beldroega cresce por todo o país de maneira selvagem por não precisar de muitos cuidados, motivo pelo qual ela é confundida com “mato”. Mas você pode cultivar em casa como uma hortaliça e planta ornamental.

Ela pode ser plantada em qualquer época do ano a partir das sementes ou mudas.

Para que ela consiga se desenvolver melhor o solo deve ser leve e bem drenado e a rega precisa ser feita com bastante cautela para evitar encharcar as raízes. Em dois meses será possível colher as folhas.

A planta, que tem folhas pequenas, carnosas, arredondadas e um caule em tom rosado, cresce até uma altura de no máximo 40 centímetros e se espalha bem rápido. Já as flores, que também são comestíveis, costumam ser na cor amarela ou rosa e se abrem apenas pela manhã.

Referências

(1) DIAS, Raimery Nobre et al. Potencial do uso da beldroega na segurança alimentar de comunidades em situação de risco e vulnerabilidade social. Revista Ambiente: Gestão e Desenvolvimento, v.11, n.1, p.259-265, dezembro de 2018. Disponível em: https://doi.org/10.24979/164. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(2) LIU, Lixia et al. Fatty acids and beta carotene in Australian purslane (Portulaca oleracea) varieties. Journal of Chromatography A, v.893, p.207-213, [2000]. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0021-9673(00)00747-0. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(3) MANGOBA, Maria Alexandre. Prospecção de características fitoquímicas, antibacterianas e físico-químicas de Portulata oleracea L. (Beldroega). [2015]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/115207. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(4) OLIVEIRA, Danyela de Cássia da Silva et al. Composição mineral e teor de ácido ascórbico nas folhas de quatro espécies olerícolas não-convencionais. Horticultura Brasileira, v.31, p.472-475, [2013]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-05362013000300021. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(5) MASOODI, Mubashir H. et al. Portulaca oleracea L. A review. Journal of Pharmacy Research, v.4, n.9, p.3044-3048, [2011]. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/215868713_Portulaca_oleraceae_L_A_Review. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(6) Sociedade Brasileira de Pediatria. Deficiência de vitamina A. Fevereiro de 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/doc_deficiencia_vitamina_A.pdf. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(7) IRANSHALY, MIlad et al. A review of traditional uses, phytochemistry and pharmacology of Portulaca oleracea L. Journal of Ethnopharmacology, [2017]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jep.2017.05.004. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(8) ZHOU, Yan-Xi et al. Portulaca oleracea L.: A Review of Phytochemistry and Pharmacological Effects. BioMed Research International, [2015]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1155/2015/925631. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(9) BUENO, Aline L.; CZEPIELEWSKI, Mauro A. The importance for growth of dietary intake of calcium and vitamin D. Jornal de Pediatria, v.84, n.5, p.p.386-394, [2008]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n5/en_v84n5a03.pdf. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(10) SULTANA, Arshiya; RAHMAN, Khaleequr. Portulaca oleracea LINN: A global panacea with ethnomedicinal and pharmacological potential. International Journal of Pharmacy and PHarmaceutical Sciences, v.5, n.2, p.33-39, [2013]. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/fe78/c0e786bc0aebf8f835bbd0b1f72ef2ebb73b.pdf. Acesso em: 23 de setembro de 2019.

(11) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Hortaliças Não-Convencionais. Brasília: Mapa/ACS, 2010. 92 p. Disponível em: http://www.abcsem.com.br/docs/manual_hortalicas_web.pdf. Acesso em: 23 de setembro de 2019.