Publicado por Tailane Paulino

Você já ouviu falar em erva-de-São-João? Esse é um dos nomes populares de uma pequena planta medicinal que é usada em diversas regiões do mundo há séculos. Usada principalmente para o tratamento de problemas como depressão e insônia.

St. John’s wort, orelha-de-gato, hipérico, hipericão ou ainda arruda-do-campo. São vários os nomes que a erva pode ter e ela pode ser encontrada em várias regiões do Brasil. Além de apresentar efeitos positivos para a saúde quando usada corretamente.

Nesse artigo do Benefícios das Plantas você vai descobrir tudo sobre essa pequena erva. Por exemplo quais são os principais benefícios e propriedades dela para a saúde, os cuidados e contraindicações e ainda como cultivar a erva-de-são-joão em casa.

Características da erva-de-São-João

Erva-de-São-João é um dos nomes populares de um arbusto perene pertencente à família das Hypericaceae e ao gênero Hypericum, que possui mais de 450 espécies conhecidas.

Erva-de-São-João

Erva-de-São-João é uma planta perene e rica em benefícios para saúde (Foto: depositphotos)

Chamada cientificamente de Hypericum perforatum, a erva-de-São-João é usada há mais de dois mil anos pela medicina popular para o tratamento de várias enfermidades.

Também pode ser encontrada por todo o mundo. Crescendo naturalmente em partes da Europa, China, norte da África e no continente americano, especialmente em lugares com temperaturas amenas. Por esse motivo, possui diversos nomes e aplicações medicinais.

As principais característica da planta são as suas folhas ovais e pequenas, medindo entre 0,7 e 4 centímetros de comprimento. Elas apresentam um tom de verde-azulado, opacas e possuem glândulas que secretam uma substância oleosa e incolor.

Já as flores são amarelas ou alaranjadas, pequenas e numerosas. Com pétalas compridas e com pequenos pontos pretos. A raiz, por sua vez, é lenhosa e bastante resistente.

Para fins medicinais são usadas apenas as partes áreas, que constituem as folhas e flores. Delas são extraídas a maioria dos compostos fitoquímicos que são utilizados para fins medicinais. (1)

O método de consumo mais comum na medicina tradicional é a forma de chás. As infusões feitas com as folhas frescas possuem um sabor e aroma fortes e característicos.

O sabor costuma ser descrito como uma mistura de azedo, picante, adstringente e bastante aromático, principalmente quando são usadas as folhas que crescem mais próximas às flores. Quando maceradas, elas produzem um líquido vermelho escuro e com cheiro forte. (2)

Quais os benefícios e propriedades?

Como já foi mencionado, a erva-de-São-João é usada há milênios na medicina popular. Fazendo assim, parte principal do tratamento de diversos problemas de saúde.

Por esse motivo, é considerada uma planta com um alto potencial medicinal e alvo de diversos estudos sobre os seus benefícios para a saúde. Por exemplo, ela já foi indicada para tratar ansiedade, problemas renais e até mesmo para afastar roedores das casas.

Pensando nisso, você vai conferir neste artigo quais são os oito principais benefícios e propriedades do hipérico que foram confirmados pela ciência. Confira!

1- É antioxidante

Uma das principais propriedades encontradas nas folhas e flores da erva-de-São-João é a sua ação antioxidante. Especialmente por causa da alta quantidade de substâncias conhecidas como compostos fenólicos que são extraídos dela.

Esses compostos, por sua vez, são ricos em flavonoides e ácidos glicosilados. Importantes antioxidantes que atuam impedindo a degradação das células do corpo.

Além disso, o consumo do extrato das folhas da erva ajudou a potencializar o efeito de diversas outras substâncias com ação antioxidante. (1)

É necessário saber que estas substâncias atuam na manutenção de diversos órgãos do corpo.

Por exemplo, um estudo realizado em 2004 por pesquisadores chineses indicou que a erva-de-São-João pode ser usada como tratamento suplementar de doenças cardíacas. Especialmente pela atividade protetora que exerce nas células do órgão. (3)

2- Possui propriedades antidepressivas e ansiolíticas

Um uso bastante comum da erva-de-São-João é no tratamento de depressão leve e problemas de ansiedade. Inclusive, desde o final da década de 90 ela é receitada para tratar depressão leve ou sazonal em países da Europa. (1)

Por esse motivo, diversos estudos foram feitos para analisar a eficácia da erva. Um deles foi publicado por pesquisadores brasileiros em 2011 e indicou que a planta apresentou efeitos positivos contra a depressão moderada e severa.

Além disso, o uso do extrato foi mais aceito entre os pacientes. Principalmente por causa da ausência dos efeitos negativos presentes nos principais medicamentos utilizados. (4)

3- Bactericida e antifúngico natural

O chá e a tintura da erva-de-São-João também possuem propriedades bactericida e antifúngica. Ou seja, eles possuem compostos fitoquímicos que ajudam a eliminar esses organismos que são causadores de inúmeras doenças. (5)

4- É antiviral

Outro benefício encontrado nas folhas do hipérico ou hipericão é a sua atividade antiviral. Estudos feitos em laboratório indicaram que o extrato da erva ajudou a diminuir a carga viral de pacientes em tratamento para AIDS e hepatite C. (6)

No entanto, ele nunca deve ser usado em detrimento dos tratamentos convencionais. Isso porque ainda é preciso conhecer mais sobre esta propriedade da erva e os seus efeitos colaterais.

5- Tem efeito hipoglicêmico

Pacientes com diabetes apresentam um aumento da quantidade de glicose no sangue, porque o corpo não consegue digeri-la completamente. Para controlar são usados medicamentos com efeito hipoglicêmico. Ou seja, que diminuem os níveis de glicose no sangue.

O consumo do chá de erva-de-São-João por ratos com diabetes mellitus, o tipo mais comum, ajudou a diminuir e controlar a quantidade de glicose no sangue e aumentou os níveis de insulina, hormônio que metaboliza esse nutriente. (1)

6- Potente anti-inflamatório natural

Desde a antiguidade a erva é utilizada para os mais diversos fins. Desde para aliviar o estresse e problemas com insônia, até para tratar inflamações.

Nesse último caso, o extrato pode ser aplicado diretamente sobre a área lesionada ou consumido. As propriedades anti-inflamatórias estão diretamente relacionadas com a ação bactericida, que ajuda a conter inflamações graves. (7)

7- Possui propriedades cicatrizantes

Outro fator que torna o hipericão um importante aliado no tratamento de lesões é a sua propriedade cicatrizante. Quando aplicada diretamente sobre a área, a infusão preparada com as folhas da erva ajudou a diminuir o sangramento, pois estimulou a coagulação.

O melhor de tudo é que a erva pode ser usada na forma de pomada e até mesmo em animais. Especialmente porque não causa alergias ou possui efeitos colaterais graves. (1)

8- É um analgésico natural

Por fim, a erva-de-São-Paulo também demonstrou propriedades antinociceptivas. Ou seja, o consumo dela diminui a percepção da dor em até 80%. Isso resulta em um efeito analgésico natural.

Um estudo realizado em 2004, que usou testes de contração abdominal e calor, indicou que o chá da erva foi 75% mais eficaz que o ibuprofeno no controle da dor. Além de apresentar menos efeitos colaterais. (1)

Existem contraindicações para o uso?

Sim, como qualquer medicamento fitoterápico existem algumas contraindicações para o uso da erva-de-São-João. Desse modo, mulheres grávidas ou que estejam na fase de amamentação devem evitar consumir a erva.

Especialmente porque ela diminui os níveis de prolactina, hormônio responsável pela produção de leite. Além de que existem poucos estudos para avaliar os efeitos colaterais da planta no desenvolvimento do feto.

Crianças menores de 6 anos também estão no grupo que não podem ingerir os derivados do hipericão. Da mesma forma, pessoas que apresentam alguma alergia ou sensibilidade devem evitar o consumo dela.

É importante também evitar usar a erva-de-São-João em excesso, pois ela pode causar fotossensibilidade, lesões na pele, fadiga e irritação gastrointestinal. Por fim, deve-se evitar ao máximo sair ao sol durante o tratamento com a erva, devido à sensibilidade com a luz. (7)

A quantidade máxima a ser consumida por adultos diariamente é de 4 gramas de erva-de-São-João três vezes ao dia. A cada 30 dias de tratamento é essencial ainda ter um tempo de pausa. Ao aparecer qualquer sintoma negativo, é necessário suspender o uso e consultar um médico.

Interações medicamentosas da erva-de-São-João

Um dos principais riscos do consumo da erva-de-São-João é a interação dos seus fitoquímicos com diversos tipos de medicamentos. Dessa maneira, ela nunca deve ser usada sem a consulta prévia com um médico por pacientes de doenças crônicas ou que façam uso de medicamentos de uso controlado.

Por exemplo, por apresentar efeito antidepressivo o hipericão pode potencializar os efeitos de medicamentos usados para tratar depressão grave. Além de aumentar os riscos de causar reações adversas ou efeitos colaterais graves.

O mesmo acontece com o uso de anticonvulsivantes e anticoagulantes. Pessoas que fazem tratamento contra AIDS também devem evitar consumir a erva, podendo aumentar a carga viral no sangue.

Por fim, pessoas que fazem uso de imunossupressores, como é o caso de transplantados, de medicamentos contraceptivos e para o controle da asma também podem apresentar uma interação negativa com a erva-de-São-João.

Como plantar?

A erva-de-São-João é uma planta fácil de ser cultivada. Por ser uma erva perene, ela permanece viva e florescendo por um longo período de tempo. Além disso, pode ser cultivada a partir das sementes ou de mudas. Contudo, as plantas derivadas de sementes são mais resistentes à pragas e mudanças climáticas.

Uma dica importante é que as sementes não devem ser enterradas durante o plantio, porque precisam de luz para que possam germinar. Porém, é importante plantá-las durante uma temperatura média de 20ºC a 25ºC. Antes disso, as sementes precisam permanecer na geladeira por quatro semanas antes de serem colocadas no solo.

Planta erva-de-São-João

A planta recebe esse nome pois floresce no dia do santo (Foto: depositphotos)

Após a germinação, ela costuma se adaptar bem aos mais diversos tipos de solo. Desde os mais secos e com pouca adubação, até os fertilizados. No entanto, não podem ser regadas demais e o solo precisa ser bem drenado. Outro ponto importante é que elas precisam estar em contato direto com o sol.

Após um ano, as folhas podem ser colhidas e secas à sombra. Logo depois é necessário mantê-las armazenadas em vidros lacrados e sem contato direto com a luz do sol.

Uma curiosidade é que o nome erva-de-São-João surgiu porque na antiguidade se acreditava que ela devia ser colhida apenas no dia de São João, que é comemorado em 24 de junho. Data em que as plantas costumam florescer e começam a exalar o forte perfume. (7)

Onde comprar a erva pronta para consumo?

Você viu neste artigo os principais benefícios e as contraindicações para o uso da erva-de-São-João. Caso tenha ficado interessado nas propriedades da planta, saiba que é possível encontrá-la em várias partes do país.

A erva pronta para o preparo do chá, tintura ou em cápsulas podem ser encontradas em farmácias de manipulação, casas de produtos naturais e fitoterápicos e até mesmo em feiras livres. Em algumas regiões elas crescem de maneira abundante em pastos e beira de estradas, por isso podem ser colhidas e armazenadas entre os meses de junho a agosto.

Por fim, é importante destacar que as plantas medicinais devem ser encaradas com seriedade. Por isso, evite o consumo em excesso e sempre procure um médico antes de combinar qualquer tratamento.

Referências

(1) ALVES, A.C.S. et al. “Aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e terapêuticos do Hypericum perforatum L. Rev. bras. plantas med., Botucatu, v. 16, n. 3, p. 593-606, Setembro de 2014. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1983-084X/12_149. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(2) ARNCKEN, T. “Johanniskraut (Hypericum perforatum L.) als lebendige Imagination der Depression“. Elemente der Naturwissenschaft, n.73, p.43-74, 2000. Tradução de Tania Cristina Walzberg. Disponível em: http://abmanacional.com.br/article/erva-de-sao-joao-hypericum-perforatum-l-a-imagem-viva-da-depressao/. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(3) LU, Yanhua; ZOU, Yanping; WEI, Dongzhi. “Antioxidant Activity of a Flavonoid-Rich Extract of Hypericum perforatum L. in Vitro”. J. Agric. Food Chem. v. 52, n. 16, p. 5032-5039, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1021/jf049571r. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(4) CHIOVATTO, Renato Davino et al. “Fluoxetina ou Hypericum perforatum no tratamento de pacientes portadores de transtorno depressivo maior leve a moderado? Uma revisão.” Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v. 36, n. 3. p. 168-175, 2011. Disponível em: 10.7322/abcs.v36i3.57. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(5) SADDIQE, Zeb; NAEEM, Ismat, MAIMOONA, Alya. “A review of the antibacterial activity of Hypericum perforatum L.” Journal of ethnopharmacology, n. 131, v. 3, p. 511-521, outubro de 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jep.2010.07.034. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(6) BARNES, Joanne et al. “St John’s wort (Hypericum perforatum L.) : a review of its chemistry, pharmacology and clinical properties“. Journal of Pharmacy and Pharmacology, n. 53, p. 583-600, 2001. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1211/0022357011775910. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.

(7) LÓPEZ, María Tránsito; MÁÑEZ, Carlota. “Plantas medicinais em casa“. Escrituras médicas, São Paulo, 2015.

(8) HENDERSON, L. et al. “St John’s wort (Hypericum perforatum): drug interactions and clinical outcomes“. British Journal of Clinical Pharmacology, v. 54, n. 4, p. 349-356, outubro de 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1046/j.1365-2125.2002.01683.x. Acesso em 27 de fevereiro de 2019.