O uso do chá de gervão é comum no tratamento de doenças respiratórias, condições neurológicas e inflamações.
No entanto, antes de aplicá-la como um remédio natural, é importante ter certeza da procedência da planta.
Apesar de ser conhecida como erva do mato, o nome botânico dessa espécie é Stachytarpheta cayennensis.
Portanto, se for comprar em alguma loja online ou física, busque pelo nome científico da planta.
Dependendo da região do país, outros nomes são utilizados para se referir a essa erva, são eles: gervão roxo, chá-do-Brasil, ervão, rinchão, rincão, chá-de-burro, uregão e aguaranpondá.
Outro nome popular dado a essa planta é o verbena. Contudo, esse termo também é designado para nomear uma outra espécie muito semelhante ao gervão, a Verbena hastata (verbena azul). Por isso a importância de usar o nome científico para diferenciá-las.
Para que serve o gervão?
Rica em óleos essenciais, cumarinas, saponinas e vasoconstritores, essa planta consegue cuidar da saúde dos pulmões, do cérebro, do coração e do estômago.
Entenda melhor a seguir!
Trata e previne doenças respiratórias
Gervão pode ser utilizado para tratar febre, tosse e dor de garganta. Além disso, age controlando a coriza. Por essas razões, é tido como um broncodilatador e expectorante.
Também é possível afirmar que essa mesma planta reforça o sistema imunológico do organismo, aumentando a proteção contra micro-organismos como bactérias, fungos, vírus e protozoários.
A propósito, esse efeito imunomodulador pode ser utilizado na luta contra a malária.
Mesmo sem saber, povos da América Latina e América Central já usavam a erva para esse fim, mas agora até a ciência comprova esse benefício. (1,2,3,4,5)
Auxilia no tratamento de condições neurológicas
Um estudo realizado na Nigéria, em 2013, comprovou o que a população nigeriana já sabia: a planta pode ser utilizada para tratar insônia e ansiedade.
Isso ocorre porque as folhas de gervão roxo possuem dois efeitos, o sedativo e o ansiolítico.
Na prática, elas induzem ao sono e ao relaxamento, pois agem como calmantes.
Também por essas mesmas razões, a planta pode ser utilizada para tratar, ou pelo menos diminuir, o sentimento de estresse. (1,5)
Combate inflamações
Lembra do reforço ao sistema imune? Então, ele também é aproveitado para tratar e prevenir inflamações no corpo, como por exemplo o reumatismo.
Nesse caso, além de combater a inflamação em si, a erva também age controlando a sensação de dor que esse problema traz.
Já esse último efeito é graças ao poder analgésico que a planta possui. (1,2,6)
Trata problemas digestivos
Um dos principais benefícios do gervão é a atividade gastroprotetora, com isso a erva previne problemas relacionados à saúde do sistema digestivo como enjoos, vômitos e diarreias.
Além disso, é considerado um tônico estomacal. Na prática, ele auxilia nos cuidados com o estômago, protegendo o órgão contra doenças a exemplo da gastrite. (1,6,7,8)
Protege o coração
Os cuidados da planta com esse órgão vital são resultantes do efeito diurético.
Isso significa dizer que a erva do mato impede a reabsorção de sódio pelo organismo, diminuindo assim a circulação desse mineral.
Para quem sofre com hipertensão ou tem algum histórico familiar dessa doença, esse efeito é especialmente importante.
No entanto, a planta e seu chá não devem ser utilizados para esse fim sem a avaliação de um cardiologista. (1,2)
Auxilia na cicatrização
Por último, mas não menos importante, o gervão é indicado para tratar ferimentos e queimaduras, pois ele auxilia no processo de cicatrização. (6)
Usos populares da erva gervão
Além de todos os benefícios já mencionados no tópico anterior, gervão também é utilizado, de forma popular, para outras finalidades.
Confira a seguir os usos ainda sem comprovações científicas dessa erva:
- Trata doenças sexualmente transmissíveis (DST’s)
- Combate distúrbios renais
- Auxilia no tratamento do diabetes
- Trata problemas no fígado
- Age como inseticida. (1,6,8)
Como fazer o chá de gervão
Tanto as folhas como todas as partes aéreas dessa planta (talos e flores) servem para fazer um chá com propriedades medicinais.
Para aproveitar desses benefícios, você deve utilizar os seguintes ingredientes:
- 2 colheres (de sobremesa) das folhas de gervão roxo
- 500 ml de água.
Ferva a água e depois desligue o fogo. Adicione as folhas e tampe o recipiente. Aguarde a infusão ficar pronta por até 5 minutos, coe e beba sem adicionar açúcar ou adoçante.
A recomendação é beber até três vezes ao dia. (2)
Contraindicações
Na nossa pesquisa, não foram encontradas contraindicações e efeitos colaterais de gervão.
No entanto, é importante ressaltar que grávidas, lactantes e crianças devem evitar o uso da planta sem o aconselhamento médico.
Pessoas que possuem algum problema crônico como diabetes, gastrite, hipertensão etc, também só devem usufruir da erva e de seu chá mediante autorização de um especialista.
Curiosidades sobre a planta gervão
Se você aprecia as curiosidades da vida, também vai gostar de aprender um pouco mais sobre o gervão.
No vídeo a seguir, a paisagista Nô Figueiredo conversa com a herborista Sabrina Jeha sobre essa erva.
Juntas, elas contam histórias curiosas sobre a planta, seus benefícios, como plantá-la em casa e do que essa erva precisa para se desenvolver.
Assim, você garante um jardim bonito e mantém a saúde em dia. Confira:
Referências
(1) FRANCISCO, Douglas. “Aspectos agronômicos, teor de ipolamida e verbascosídeo de clones de gervão-roxo [Stachytarpheta cayennensis (rich.) vahl]“. Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/191160. Acesso em: 30 de março de 2020.
(2) Governo Estadual do Rio Grande do Sul. “Diário do Autocuidado“. Departamento de Ações em Saúde, 2016. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/201705/22153253-diario-do-autocuidado.pdf. Acesso em: 30 de março de 2020.
(3) JORGE, Luzia Ilza Ferreira; et al. “Plantas medicinais brasileiras que poderiam ser empregadas como sucedâneas de espécies importadas“. Revista Brasileira de Farmácia, 2008. Disponível em: http://www.rbfarma.org.br/files/pag_358a360_plantas_medicinais.pdf. Acesso em: 30 de março de 2020.
(4) OKOYE, Theophine C.; et al. “Immunomodulatory effects of Stachytarpheta cayennensis leaf extract and its synergistic effect with artesunate“. BMC Complementary Medicine and Therapies, 2014. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4195953/. Acesso em: 30 de março de 2020.
(5) OLAYIWOLA, Gbola; UKPONMWAN, Otas; OLAWODE, Dayo. “Sedative and anxiolytic effects of the extracts of the leaves of Stachytarpheta Cayennensis in mice“. African Journal of Traditional, Complementary and Alternative Medicines, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3847405/. Acesso em: 30 de março de 2020.
(6) MILLION, Janae Lyon. “Estudo etnobotânico na comunidade de Taquara: a luta pelo uso de plantas nativas pelo povo Kaiowá, MS, Brasill“. Universidade de Brasília, 2017. Disponível em: https://www.repositorio.unb.br/bitstream/10482/31437/1/2017_JanaeLyonMillion.pdf. Acesso em: 30 de março de 2020.
(7) Ministério da Saúde. “A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos“. 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fitoterapia_no_sus.pdf. Acesso em: 30 de março de 2020.
(8) MACÊDO, Elaine de Souza Gonçalves. “Plantas medicinais e fitoterápicos: um estudo de base etnográfica na estratégia saúde da família (ESF) de Heliópolis em Belford Roxo“. Universidade Estácio de Sá, 2016. Disponível em: https://portal.estacio.br/media/922734/elaine-souza.pdf. Acesso em: 30 de março de 2020.