Publicado por Tailane Paulino

O mastuz é uma erva de cheiro forte e sabor amargo, muito utilizada para diversos fins medicinais.

Entre os principais benefícios dela para o organismo está a sua capacidade de melhorar as funções gastrointestinal e respiratória, inclusive sendo um potente tratamento natural para muitas doenças que acometem esses tratos.

Além disso, as folhas da erva são ricas em nutrientes e compostos fitoquímicos que ajudam o corpo a se manter mais forte e livre de doenças.

Descubra os 9 principais ganhos para a saúde em consumir o mastruz, como cultivar a erva e ainda quais cuidados se deve ter ao consumir.

9 benefícios do mastruz para a saúde

O mastruz, como já foi mencionado, possui efeitos positivos e comprovados sobre os tratos respiratórios e gástricos, que fazem com que ela seja aplicada de diversas maneiras, e seja considerada um remédio eficaz contra tosse.

Folhas de mastruz

O mastruz contém compostos anticâncer e é analgésico (Foto: Wikimedia Commons)

Além disso, as folhas são ricas em diversas substâncias que agem como anti-inflamatórias, antioxidantes, contra parasitas que infectam o intestino humano e ainda reduzem os riscos de desenvolver câncer.

Veja as 9 principais vantagens para o organismo em consumir o mastruz:

  1. É um vermífugo natural
  2. Possui diversos compostos antioxidantes
  3. É um potente antibacteriano, antifúngico e antiviral
  4. Possui substâncias anti-inflamatórias
  5. Protege o trato gástrico
  6. Atua contra doenças respiratórias
  7. Melhora a circulação
  8. Contém compostos anticâncer
  9. É analgésico

1.É um vermífugo natural

Um dos usos mais comuns para o mastruz é para eliminar parasitas que ficam alojados no intestino humano e de animais.

Esse é um problema ainda comum em países tropicais, principalmente em áreas sem saneamento básico e que pode trazer diversas complicações para a saúde, como diarreia e dificuldade na absorção dos alimentos.

Essa ação acontece por causa da grande quantidade de ascaridol, um óleo essencial com propriedades tóxicas para os parasitas, que são encontradas nas folhas da erva.

Essa substância mostrou eficácia de até 100% na eliminação dos parasitas intestinais e ainda impede que os ovos deixados deem origem a uma nova infecção (1).

2.Possui diversos compostos antioxidantes

Entre os principais compostos antioxidantes do mastruz estão o ácido ascórbico, também chamado de vitamina C, e o betacaroteno, um pigmento natural na cor amarela que é responsável pelo tom verde da erva e também na metabolização da vitamina A no organismo.

Além dos compostos fenólicos, cumarina, catequinas, triterpenos, saponinas, aminoácidos e diversos tipos de vitaminas e minerais.

Todas essas substâncias possuem a capacidade de proteger o organismo contra os efeitos negativos dos radicais livres. A cúrcuma também possui poderes antioxidante, veja aqui.

Investir no uso de compostos antioxidantes favorece uma melhora da saúde e ainda pode prevenir diversos tipos de doenças, principalmente as oportunistas, que atacam quando o organismo está vulnerável (2, 3).

3.É um potente antibacteriano, antifúngico e antiviral

Em primeiro lugar a erva diminui a taxa de proliferação de diversos tipos de bactérias. Principalmente as que atacam o trato gastrointestinal e podem causar doenças.

Ela também impede o crescimento de alguns tipos de fungos. Por exemplo, as saponinas encontradas nas folhas inibem o crescimento do Candida albicans, que é o fungo causador da candidíase.

Por fim, o mastruz mostrou uma potente capacidade de eliminar o vírus da gripe tipo A do organismo. Fazendo com que ele seja considerado um antigripal natural e sem os efeitos negativos dos medicamentos sintéticos (3, 4).

4.Possui substâncias anti-inflamatórias

Tomar uma xícara de chá de mastruz ajuda a reduzir inflamações porque a erva age de duas maneiras no organismo:

A primeira é sobre os glóbulos brancos, que são as principais células de defesa do nosso corpo.

Quando ocorre algum ataque ao corpo, elas migram para o local e liberam substâncias que dão início ao processo inflamatório. Esse processo traz os efeitos negativos do problema, porém é uma estratégia de livrar o corpo mais rapidamente do componente danoso.

Portanto, os compostos fitoquímicos da erva barram a liberação dessa substância, impedindo a inflamação. A erva-de-são-joão é também é um poderoso anti-inflamatório, veja aqui.

A segunda é graças aos compostos antioxidantes. Ao evitar os danos dos radicais livres, o organismo fica mais forte e consegue lutar contra o avanço das doenças inflamatórias (5, 6).

5.Protege o trato gástrico

O mastruz protege o trato gástrico por causa da propriedade da cumarina, que estimula a produção de uma substância chamada muco gástrico.

Esse muco reveste a mucosa do órgão e protege a mesma contra os danos causados pelo ácido estomacal, que é liberado durante a digestão.

Além disso, a erva apresentou um grande efeito na inibição da proliferação da Helicobacter pylori, bactéria responsável pelo aparecimento das úlceras estomacais (4, 5).

6.Atua contra doenças respiratórias

Mulher doente com tosse

Tosse e crises de asma podem ser tratados com o mastruz (Foto: freepik)

O uso do mastruz para o sistema respiratório está relacionado com as propriedades antiviral e anti-inflamatória dela, que consegue aliviar os sintomas de problemas como gripe, resfriado e alergias.

Ela também ajuda a dilatar os canais que levam o ar para os pulmões, dessa forma, melhora a qualidade da respiração durante crises de asma e ajudam na eliminação do muco, que é formado em diversas doenças e atrapalham a entrada de ar.

Por causa disso ela também é usada como um medicamento muito eficaz contra a tosse (7). Conheça também a abóbora d’Anta, uma planta ótima para aliviar a tosse.

7.Melhora a circulação

A erva ainda é eficaz na melhora do sistema cardiovascular, ou seja, estimula o bom funcionamento do coração e auxilia na movimentação do líquido por todo o corpo.

Com isso, a planta ajuda a diminuir os sintomas negativos causados pela má circulação, como inchaço e dores, que atingem principalmente as extremidades do corpo (7).

8.Contém compostos anticâncer

O mastruz também possui a capacidade de diminuir os níveis de ácido acético, substância que colabora para o crescimento de tumores no organismo.

Além disso, ela estimula a produção e ação dos macrófagos, um tipo de célula de defesa que “devora” os invasores.

Por fim, a presença dos compostos antioxidantes agem impedindo a mutação celular. É preciso destacar, no entanto, que câncer é um nome genérico para designar diversas doenças que agem de maneira semelhante.

Portanto, elas não possuem uma causa única e a redução de riscos sempre deve estar associada a adoção de hábitos alimentares e de vida mais saudáveis (8).

9.É analgésico

Os compostos do óleo essencial do mastruz agem no sistema nervoso central e possuem efeito sedativo e relaxante muscular. Na prática os fitoquímicos agem “enganando” o cérebro. Dessa maneira ele não percebe os estímulos de dor enviados para ele.

Outro ponto é de impedir a contração dos músculos, que diminui a movimentação brusca dos mesmos e a dor causada por isso, que é o que acontece durante as cólicas menstruais, só para exemplar.

Com isso, ela ajuda a aliviar as dores musculares, cólicas e as que são causadas pelo processo inflamatório, como a artrose (6, 7). Outra planta excelente para as dores se chama Doril, conheça ela aqui.

Principais características da erva

O mastruz é um arbusto baixo, com folhas alongadas e pequenos pelos curtos e avermelhados por toda a extensão. As folhas ficam espalhadas pelos diversos ramos que saem do tronco principal e possuem um tom de verde vibrante.

Quando maceradas, as folhas apresentam um cheiro bem característico e que pode ser desagradável para muitas pessoas. O sabor delas é bastante amargo, fazendo com que a erva dificilmente seja confundida com outra planta medicinal.

A planta possui pequenas flores verde-claro ou em tons variados de amarelo e que dão origem a frutos marrons. O mastruz não necessita de muitos cuidados ou um solo específico para se desenvolver, por isso é considerado uma erva-daninha em muitos locais.

Desse modo, é bem comum encontrar a planta em terrenos baldios e praças por todo o Brasil, onde cresce de maneira espontânea (1, 3).

Como usar para fins medicinais?

As duas maneiras mais comuns de usar o mastruz é na forma de chá ou com o sumo misturado com leite. Ambas são bastante eficazes, mas servem para fins diferentes.

Xícara de chá de mastruz

O chá de mastruz é mais usado para tratar diarreia e infecções (Foto: freepik)

Confira como preparar essas duas formas de uso da erva e como consumi-las corretamente.

Chá de mastruz

O chá costuma ser feito utilizando apenas as folhas da erva, que devem estar frescas, e é mais usado para tratar problemas gastrointestinais, como diarreia e infecções causadas por parasitas.

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa de folhas de mastruz
  • 1 xícara de água filtrada

Modo de preparo:

Leve a água ao fogo até que comece a borbulhar, logo depois adicione as folhas da erva e deixe cozinhando por cerca de cinco minutos. Passado esse tempo basta coar, adoçar com mel e beber no máximo três xícaras por dia.

Mastruz com leite

Copo de mastruz com leite

Mastruz com leite, bastante utilizada na região nordeste (Foto: depositphotos)

A bebida feita misturando o sumo das folhas de mastruz com leite é bastante utilizada na região nordeste como tratamento de doenças respiratórias. Especialmente por proporcionar o alívio da tosse e é bem fácil de ser feita.

Ingredientes:

  • 20 folhas de mastruz
  • 100 ml de leite

Modo de preparo:

Lave bem as folhas para retirar quaisquer impurezas e logo depois bata tudo no liquidificador com o leite. O ideal é que a mistura fique o mais homogênea possível.

Você pode adoçar com mel, açúcar mascavo ou ainda misturar com suco de laranja. A bebida deve ser consumida apenas uma vez e durante um período de 10 dias como parte do tratamento.

Cuidados e contraindicações no consumo do mastruz

Como qualquer outra erva utilizada para fins medicinais, é importante tomar alguns cuidados com o mastruz.

A primeira contraindicação é em relação às mulheres grávidas, pois a erva apresenta efeitos abortivos e que também podem causar má formação para o feto.

Outro grupo que deve evitar o consumo são crianças pequenas, pelo fato de não se saber como a erva pode agir no organismo delas.

Entre os principais efeitos do excesso de mastruz estão as náuseas, irritação gástrica, e sangramento nas fezes causada pela dilatação nos vasos sanguíneos da região do intestino.

A dose excessiva dos compostos da erva também causa alterações no sistema nervoso, como dor de cabeça, tontura e falta de coordenação motora. Além da sensação de formigamento nos membros e rubor da região do rosto.

Por isso, o mastruz nunca deve ser utilizado de maneira contínua, e ao sentir qualquer um dos sintomas listados é importante buscar atendimento médico (3).

Referências

(1)MATOS, Joana Augusta Leão de. “Potencial Biológico de Chenopodium ambrosiooides L. (Erva-de-Santa-Maria)”. [2011]. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/2287

(2)SANTIAGO, Juliana Andrade; et al. “Essential oil from Chenopodium ambrosioides L.: secretory structures, antibacterial and antioxidant activities”, [2016]. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciBiolSci/article/view/28303

(3)SÁ, Rafaela Damasceno. “Estudo farmacognóstico de Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae)”. [2013]. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/10715

(4)YE, Hui; et al. “Anti-Helicobacter pylori activities of Chenopodium ambrosioides L. in vitroand in vivo”.World Journal of Gastroenterology, v.21, n.14, p.4178-4183, [2015]. Disponível em: https://dx.doi.org/10.3748%2Fwjg.v21.i14.4178

(5)GRASSI, Liliane Trivellato. “Chenopodium ambrosioides L. Erva de Santa Maria (amaranthaceae): estudo do potencial anti-inflamatório, antinociceptivo e cicatrizante”. [2011]. Disponível em: https://siaiap39.univali.br/repositorio/handle/repositorio/1515

(6)IBIRONKE, GF.; AJIBOYE, KI. Studies on the Anti–Inflammatory and Analgesic Properties of Chenopodium Ambrosioides Leaf Extract in Rats. International Journal of Pharmacology, v.3, p.111-115, [2007]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.3923/ijp.2007.111.115

(7)KOKANOVA-NEDIALKOVA, Zlatina; NEDIALKOV, Paraskev T.; NIKOLOV, Stefan D. “The genus chenopodium: Phytochemistry, ethnopharmacology and pharmacology”. Pharmacognosy Review, v.3, n.6, p.280-306, [2009]. Disponível em: http://www.phcogrev.com/text.asp?2009/3/6/280/59528

(8)NASCIMENTO, FR.; et al. “Ascitic and solid Ehrlich tumor inhibition by Chenopodium ambrosioides L. treatment”. Life Sciences, v.78, n.22, p.2650-2653, novembro de 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.lfs.2005.10.006